O mercado brasileiro de pagamentos passou por diversas mudanças nos últimos 10 anos. Com base nos dados do Banco Central, preparamos visualizações e comentários sobre as transformações mais impactantes. Confira no artigo abaixo!
Nos últimos anos, o mercado brasileiro de pagamentos tem sido palco de mudanças significativas, influenciadas por inovações tecnológicas e transformações regulatórias.
Uma breve análise dos dados fornecidos pelos Anuários de Estatísticas de Meios de Pagamentos de 2013 a 2023.
Uma das principais revoluções foi o lançamento do Pix pelo Banco Central, introduzindo um sistema de pagamentos instantâneos que rapidamente se tornou popular entre as transações e trânsferências de pessoas físicas e jurídicas.
O crescimento do número de transações e volume transacionado ao longo deste curto período de tempo impressiona.
O Pix não apenas facilitou transferências financeiras, mas também teve um impacto claro no crescimento das transações com cartões de débito. Após o lançamento do Pix, o crescimento do volume transacionado no débito desacelerou fortemente, indicando que volumes de compras migraram para o novo produto de pagamentos.
Outra tendência notável é a adoção crescente de transações contactless. Impulsionado a partir da pandemia, e viabilizado pela emissão maciça de cartões por bancos e fintechs, o uso de tecnologias contactless em cartões e dispositivos móveis está se tornando cada vez mais comum para o consumidor brasileiro.
No segmento (mais rentável) dos cartões de crédito, a MasterCard vem consolidando sua posição como líder do mercado brasileiro, conquistada em 2016.
No segmento de débito, a Visa recuperou grande parte do terreno perdido para a Elo até 2020, competindo de perto com a Elo e a Mastercard.
Um aspecto crucial das mudanças recentes é a democratização da aceitação de cartões no Brasil, a partir da segunda metade da última década. Este movimento está diretamente associado ao aumento da competitividade no setor de adquirência, fruto de intensa atuação regulatória do Banco Central.
O aumento no número de estabelecimentos que aceitam pagamentos eletrônicos, foi ainda mais forte nas regiões Norte e Nordeste. Esse avanço regional indica que a expansão dos meios eletrônicos de pagamento está associado à inclusão econômica, e provavelmente trará um impacto positivo de produtividade das empresas de varejo nestas regiões.
O aumento da intensidade competitiva levou a uma redução expressiva dos custos de aceitação para o varejo (o “Merchant Discount Rate”), e, consequentemente, das margens para os adquirentes (”MDR Líquido”). Esse cenário tem incentivado a inovação de produtos, serviços e modelos de atendimento, melhorando a qualidade da ofertas feitas para os usuários finais.
As compras parceladas, e em especial o “parcelado sem juros”, continuam a ter um papel fundamental no crédito ao consumo, mantendo seu “share” quase inalterado nos últimos 10 anos. Esta fidelidade do consumidor ilustra o desafio que o mercado terá para substituí-lo por alternativas mais sustentáveis para todos os agentes.
Em resumo, os “minifilmes” selecionados ilustram que o setor de pagamentos no Brasil vive uma “revolução permanente”, impulsionado por uma combinação de inovações tecnológicas, mudanças regulatórias e uma competição entre os principais agentes do mercado. Em um período de 10 anos, virtualmente todos os segmentos de mercado tiveram mudanças radicais na sua estrutura competitiva.
Deste período, podemos apontar vários exemplos de empresas incumbentes e entrantes que tiveram resultados completamente divergentes em termos de rentabilidade e sucesso de mercado. O principal desafio para estes agentes, portanto, passa não somente pela antecipação das tendências de mercado, mas também pela adequação de seus modelos de negócios e propostas de valor para continuarem atendendo as demandas do mercado de forma rentável.